28.12.22
Depois de tudo o que consta que tem vindo a acontecer, já que não sou propriamente fã de futebol, jogos passados no banco, entrar na segunda parte de um jogo decisivo, a eminência do fim da carreira, é a pergunta que se levanta.
Estamos a falar de um jogador que ao longo de décadas, elevou o futebol português a um nível nunca antes conhecido. Se por um lado, ele está no desempenho da sua função e não se pode julgar acima dos demais em obrigações para com a equipa, por outro, temos de reconhecer o mérito e o quanto Portugal e os países onde jogou, usufruiram da sua capacidade superior.
Não se trata um jogador que nos traz vitórias, como mais um na equipa. Tem de haver para com ele, um outro tipo de diálogo. Há um quid pro quo declarado. Há um desempenho que ultrapassa o treino e o treinador. Há algo de pessoal que o torna um vencedor e traz vitórias aos que com ele trabalham.
Nada disto, sublinho, justifica que se destaque pela irreverência. O que até nem parece ser o caso.
Depois de toda esta pressão no Mundial e última performance no mesmo, o eminente fim da carreira que é tudo para ele, profissionalmente, está Cristino Ronaldo num momento psicológico de muita tensão.
É o momento de parar e ficar a fazer o que sabe fazer bem e de cor, enquanto coloca a cabeça no lugar.
A mudança, a adaptação a uma nova realidade, alguns hábitos que chocarão com a nossa cultura e serão fatores de maior stress em momentos que apetece ignorar as diferenças, mas não se pode, tudo isso, trará uma carga adicional a toda uma pressão que já começou a tornar-se evidente. A acrescentar a tudo isso, algumas novas fraquezas que vão surgir por via da idade e do desgaste.
O Cristiano Ronaldo, é um jogador que tem o respeito de todos os fãs, mas também se tem pautado por uma imagem positiva. Visivel, óbvio, mas filantropo, discreto, apaziguador, apoiante, fiel aos seus princípios e a quem o rodeia. Educado, acima de tudo.
Acho que, por muita dor que o fim da carreira da sua vida lhe possa causar, precisa acima de tudo, de não se trair. Não tentar expor erros alheios, não se preocupar em explicar o que a outros cabe fazer.
A imagem está criada. Muitos sabem o que vale, e muitos mais a imagem que deixa. Não a deve destruir por culpas que não lhe pertencem.
A ida de Cristiano Ronaldo para um meio tão diferente, poderá vir a tornar-se na carga que falta carregar, para que destrua tudo aquilo porque lutou. Não só, ser um vencedor, mas também, uma imagem respeitável.
A Duarte Luis