24.01.23
O significado da Democracia, é a oportunidade individual, respeitando a oportunidade alheia.
Aquele artigo do Código Cívil tão repetido: " A liberdade de cada um termina, quando termina a liberdade do outro". Qualquer coisa no género.
Ou seja, estão estabelecidas as fronteiras do conceito de liberdade que acabam por servir para delimitar a área de ação na Democracia.
Mas, viver na Democracia com toda essa independência implica uma imensa noção da responsabilidade na vida social. Não pode ser, um pouco, como as vedetas, que perante o sucesso, acham que estão acima da lei e dos mais comuns dos mortais.
Esse vedetismo, não pode ser alimentado no topo hierárquico social.
A permissividade a comportamentos, que habitualmente são encarados com repugnância, criminalizados e punidos por lei, de repente, não podem ser alvo de contornos e parecer que a lei não é um código compilado que rege uma sociedade, mas sim, um conjunto de regras que podem ser alteradas em consonância com a alteração do estatuto social.
Essa falta de coerência, dá à população a sensação de barco sem leme, que vai levar ao caos e ao salve-se quem puder.
Numa sociedade, que não sente que a lei é respeitada, cada um vai buscar a sua própria estabilidade e segurança. Muitos conseguem atingir essa sensação enveredando pelo perfil do justiceiro a solo.
Isto tudo, para chegar ao que me fez apetecer partilhar.
A descriminalização dos maus tratos aos animais.
Maus tratos, é uma expressão tão clara, tão abusiva, tão dolorosa de pronunciar, que já por si, não devia levantar dúvidas que seria de considerar crime. Mas parece que no nosso país, essa dúvida, em pernas para andar.
Com a agravante de que a proposta, não foi apresentada por um grupo qualquer marginal que quer dar nas vistas. A proposta vem do Ministério Público, que em vez de propor a legitimidade de uma lei contornável, propõe que se estabeleça definitivamente a sua ilegalidade.
Como muito bem se referiu em entrevista, um dos sinais de um possível comportamento psicopata, são os comportamentos violentos contra animais. Maus tratos, enfim.
Num país que considera que atos violentos, sejam de que natureza forem, não transmitem sinais de alarme para outros comportamentos mais graves, risco e até criminalidade, de facto, é um país que não defende a responsabilidade, a maturidade, o respeito. É um país em que não posso confiar para me fazer sentir segura, nem com o qual sinto que valha a pena colaborar para sermos cada vez melhores.
Este país, se calhar, não é para mim.
A Duarte Luis